Lombra
Da satisfação
obtida com o unguento
À tortura praticada
por seu experimento.
Da calma recebida no
uso do ópio
À campanha feita
para nos mantermos sóbrios.
Dos amigos em roda
trocando um baseado
À política de
drogas que engendra o tráfico.
Do mito construído
sobre o crack
À falta de sentido
que encontramos na sociedade.
Da perspectiva de
mundo obtida pelo ácido
À cegueira
preconceituosa de quem o torna inválido.
Da teogonia
transcendental do peiote
Ao ateísmo inerte e
torpe.
Da oração muda
degustada na ayahuasca
À descrença num
mundo de plantas sagradas.
Dos debates
incessantes sob goles de cervejas
Ao carro que te
atropela onde quer que você esteja.
Da fragrância de um
loló em pano úmido
Ao odor hipócrita
encontrado no mundo.
Do êxtase que
transborda de comprimidos
À apatia de uma
ciência que não os tem reconhecido.
Dos duendes mágicos
que dançam sobre cogumelos
À negação
absoluta dos universos paralelos.
Das ilusões
provindas no ato de cheirar cola
À necessidade
daquele que sobrevive de esmola.
Da maldita heroína
injetada na veia
Às doenças e males
que a medicina semeia.
Do verde absinto que
convida às fadas
À angustia de uma
geração que vive acuada.
Das carreiras
brancas de cocaína
À falta de coragem
para enfrentar a vida.
A tudo o que nos faz
viajar
A tudo que nos faz
pensar
A tudo que nos faz
amar
A tudo que nos faz
gozar
A tudo que nos faz
sentir
A tudo que nos
agrega e lança
A tudo que nos dá
uma sensação de poder
A tudo que nos
aproxima da verdade
A todas as coisas
que nos levam Deus
Eu agradeço.
A realidade é uma
melodia
Nós somos os
músicos.