sábado, 20 de julho de 2013

Sozinho pelo jardim





Sozinho pelo jardim

De minha concha espiralada
Deslizo mole e fraco
Rastejo seminu aos olhos
Dispo-me de meu esqueleto
Carrego o que me sustenta
Sustento o que apresento
Minha concha espiralada
Coração quebradiço.
Redemoinho ósseo
Labirinto em mim
Esconda-me do mundo.


Não serei o sonho de um poeta
Nem musa inspiradora de artistas
Não serei ídolo de multidões
Nem rei, deus, nem pastor...
Passearei sozinho pelos jardins...
Sozinho pelos jardins...


Lombra


Lombra


Da satisfação obtida com o unguento
À tortura praticada por seu experimento.
Da calma recebida no uso do ópio
À campanha feita para nos mantermos sóbrios.
Dos amigos em roda trocando um baseado
À política de drogas que engendra o tráfico.
Do mito construído sobre o crack
À falta de sentido que encontramos na sociedade.
Da perspectiva de mundo obtida pelo ácido
À cegueira preconceituosa de quem o torna inválido.
Da teogonia transcendental do peiote
Ao ateísmo inerte e torpe.
Da oração muda degustada na ayahuasca
À descrença num mundo de plantas sagradas.
Dos debates incessantes sob goles de cervejas
Ao carro que te atropela onde quer que você esteja.
Da fragrância de um loló em pano úmido
Ao odor hipócrita encontrado no mundo.
Do êxtase que transborda de comprimidos
À apatia de uma ciência que não os tem reconhecido.
Dos duendes mágicos que dançam sobre cogumelos
À negação absoluta dos universos paralelos.
Das ilusões provindas no ato de cheirar cola
À necessidade daquele que sobrevive de esmola.
Da maldita heroína injetada na veia
Às doenças e males que a medicina semeia.
Do verde absinto que convida às fadas
À angustia de uma geração que vive acuada.
Das carreiras brancas de cocaína
À falta de coragem para enfrentar a vida.


A tudo o que nos faz viajar
A tudo que nos faz pensar
A tudo que nos faz amar
A tudo que nos faz gozar
A tudo que nos faz sentir
A tudo que nos agrega e lança
A tudo que nos dá uma sensação de poder
A tudo que nos aproxima da verdade
A todas as coisas que nos levam Deus


Eu agradeço.
A realidade é uma melodia
Nós somos os músicos.

domingo, 28 de agosto de 2011

O tempo é uma mentira bem contada.

Contada por três ponteiros mentirosos

Preso todos em um relógio

Merecem este castigo por mentir.

19/08/2011

Intriga (resposta)


Não hesite coração

Seja o porto das viajantes apaixonadas

Seja o poço das sequiosas desesperadas

Seja o baile e o anfitrião do baile.

Mas lembre-se de ser forte.

E quando não puder mais

E quando não agüentar mais

E quando não resistir mais coração

Se entregue.

E sofra o que não deveria sofrer.

O chore o que não deveria chorar.

E sinta o que tinha prometido nunca mais sentir.

Pode continuar rugindo coração, mas saiba no íntimo

Que não afastará a todos.

Consuma tudo como lava consome, coração

Atenha-se a intensidade do calor

Não a eternidade das chamas.

Vulcões adormecem coração.

Voltam a acordar e consumir

Tudo em lava.

Coração sinta de tudo!

E mesmo que não consiga ser forte.

Sinta.

27/08/2011


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Transbordando de mim.


Transbordando de mim


Ando por estes dias
Transbordando de mim
E por onde eu passo respingo todos
E por onde eu passo apago fogo.
E por onde eu passo molho chão.

Ando por estes tempos.
Transbordando muito de mim
E quando começo a falar, faço-o cuspindo.
E quando fico calado, deixo todos suados.
Até mesmo, quando sinto quieto,
Permito a todos
Ouvirem o barulho do mar.


Sinceramente, confesso
Que nesta era
Vim inundando tudo
Tsunami a passeio na cidade
Espuma branca no sofá
Assistindo televisão
Onda inquieta no elevador
Redemoinho em fila de banco
Temporal namorando no
Escuro do cinema.

Não sei como me desculpar
Sou água fonte da vida
Matéria líquida do universo
Não tenho limites
Transbordo...
Transbordo por que sou mar...
05/08/2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Deixar para trás

Estavam eles, sol e lua,
Em um eclipse, confabulando
Eternidade.

Em flerte extra planar
Enamoraram-se universo
Cada estrela um poema
Cada planeta um verso

Girando, girando
Contra o sistema
Dois astros apaixonados
Em récita suprema.


Tudo é poesia
Neste romântico eclipse
Desde o ilimitado amor
Ao tempo que se extingue


21/07/2011