segunda-feira, 30 de maio de 2011

buraco negro


Há um espaço no tempo.

O vento que passa

Não preenche

O tempo

Que

Passa

Há um momento que devemos

Apreender o tempo que passa

No instante em que o ponteiro

Para

Mim o tem-po co-rre

Len-ta-men-te

Não perca tempo

Seja lento

Permita-se, sentir

O vento

Neste momento.

29/05/2011

domingo, 29 de maio de 2011

Animal doméstico.

Faço-lhe um cafuné

Jogo a vareta e peço para ele ir pegar

Levo-o para passear

Deixo-o rolar na lama

Cheirar os outros

E subir na Cama

E por mais que eu insista

Nunca fingi de morto

Nem usa coleira.

Logo entendo que estamos

Na mesma situação.

E quando nos olhamos

Percebo uma reciprocidade taciturna...

Pouco depois entendo

Meu ego me domesticou.

17/05/2011

Ao voltar do castelo

Que engraçados são os seres humanos

Constroem castelos eternos em sonhos passageiros

E se rodeiam de esperanças e medos de perderem este castelo

(nunca tendo os visitado pessoalmente)

Guerreiam uns contra os outros pela defesa destes castelos

Pegam em armas,envenenam a terra,praticam todo o tipo de crueldade

Para defenderem um castelo passageiro que não existe.

Alguns,mas sábios (para não dizer mentirosos)

Insistem que o castelo esta após a morte

Mas a evitam a todo o custo

Outros afirmam que é necessário

Dominarmos as necessidades

Para alcançarmos o castelo

Mas esquecem que o castelo

Esta para além do domínio das necessidades

Muitos até alegaram terem ido ao castelo

Mas estes estão perdoados

pois ou são loucos

Ou filósofos

Não importa onde verdadeiramente esteja o castelo

o que importa é o que ele provoca nos seres humanos

14/05/2011

Quando amamos a quietude.

Onde estava a quietude

Que bebia em tua pequena taça?

Esta não compartilhava contigo

O sabor do vinho em tom batom?

Não se riam os dois juntos daquela

Intimidade compartilhada

Em pequenas coisas?

Ou se riam os dois pela falta da boca

Que compartilhava a mesma taça?

Não é para ficar sem graça

Nem se envergonhar da taça

O desejo foi seu

O beijo

Da quietude.

27/25/2011

Caju

Se em um instante qualquer

Fitar olhos castanhos

Saiba que corre um grande

Risco de pigarrear

Caju não é fruta

Já olhos castanhos

Queimam se experimentados

Sem preparo

25/05/2011

sábado, 14 de maio de 2011

A minha alma não assusta os corvos.


Minha alma é como um velho espantalho
Que os corvos não assustam mais
Minha alma é um espantalho
Que ver-se travestido de homem
Mas reserva no peito a moradia dos ratos
E de outros bichos que não saem à luz
A minha alma esta presa a terra
Crucificada sem ao menos ter escolhido o martírio
Obrigada a assistir o entardecer
Com os olhos duros e frios de um botão
minha alma esta enraizada na terra
Mas impedida de gerar algum fruto.
.
Mas esta alma esta de braços abertos para sentir a vida
Embora o que sinta, é o suceder eterno das estações.
Não sente, pois sua cabeça esta cheia de coisas
Que só lhe servem para sustentar lhe a cabeça
Foi-lhe apregoado o tédio mudo, daquele que espera o fim
Por isso a paciência resignada como daqueles
Que esperam que o outro lhe ponham um sorriso.
A minha alma esta velha e deteriorada
Só o vento a faz balançar
Só a chuva a faz chorar.
Sabe, minha alma é fraca para combater os corvos
Confesso...
Minha alma é frágil para vencer o tempo
Confesso...
Mas,ela preserva sonhos tamanhos
Onde o amanha ainda dorme
Confiando na proteção do vigia
Que, parado a observar o trigo
Deseja com esperança
A germinação do grão.
14/05/2011